quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A Pastorinha






DEOLINDA E A POMBINHA


O Tó Manel, agricultor abastado, dedicava-se á agricultura de sequeiro.
Desde muito novo que foi pai. Sua mulher, Sara, tendo ficado debilitada após o nascimento da sua filha Deolinda, que nasceu prematura, viu-se obrigada a dedicar a sua vida à casa e à família.
Deolinda foi crescendo no meio da natureza, no campo, junto das ovelhas e cabras que seu pai tinha. Uma miúda alegre, sempre bem-disposta, desde pequenina que se dedicou a uma ovelha muito especial.
A Pombinha nasceu no mesmo dia que a Deolinda, frágil em comparação às irmãs mas seu olhar era meigo e afável. Ternurenta para com a Deolinda, tornaram-se amigas inseparáveis.
Com 6 anos de idade estava na altura da Deolinda começar a escola. Porém a amizade era de tal ordem que quem acompanhava Deolinda nas suas caminhadas até à escola e no regresso a casa, era a Pombinha, como se fosse um cão de estimação ou de guarda.
Enquanto esperava pela Deolinda, pastava nos campos vizinhos, no meio dos outros rebanhos e já era conhecida de todos.
Quando Deolinda saía das aulas, lá estava a Pombinha à sua espera.
- «Então que aprendes-te hoje?»
- «Já sei as vogais todas. Queres aprender também?»
- «Sim» - dizia a Pombinha aos pulos.
Então da escola até casa a Deolinda dizia ‘a, e, i, o, u’. E a Pombinha, sempre aos saltitos, repetia.
Quando chegava a casa lá estava Sara com todos os seus cuidados de mãe:
- «Então minha filha como correu a escola hoje? »
- «Bem mãezinha, muito bem»
E de repente ouve-se de lado:
- «a,e,i,o,u» - era a Pombinha.
Sara e filha riram. Nessa altura está o To Manel a entrar na cozinha, que ao ver as duas a rirem-se queria saber qual o motivo. Numa cumplicidade, entre mãe e filha:
-«De nada. Vamos lanchar» - disse a Sara.
- «Trazes deveres, Deolinda?» - pergunta a Sara, ao mesmo tempo que sorri para a filha.
- «Sim mãezinha. Tenho que copiar as vogais para uma folha do caderno.»
Depois de lanchar, a Deolinda começou a fazer os seus deveres e a sua amiguinha deitada aos seus pés. Já sabia que depois íam brincar para os campos.
Ambas gostavam de se esconder no meio do milho até que uma encontrasse a outra. Sentavam-se debaixo do castanheiro a trocar confidências.

E era assim que ambas passavam os minutos, as horas e os dias. Amigas inseparáveis.

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